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segunda-feira, 7 de julho de 2008

Clichê







Até dá torre mais alta pode-se ver o chão. É a lei da vida: altos e baixos. Tem pequenas asas, já pode voar. Tem mãos e palavras, vai cometer crimes. Deixe-me pensar,ter gastado tempo com reflexões não quer dizer que estive gastando tempo me arrependendo, é só um pequeno preço já que todos nós temos memória. Lembrar.
Deixe-me no alto, onde o vento fere o rosto e todo lugar é o lugar errado. Quem ficou do meu lado? Deixe-me no passado, onde poderei me guardar centenas de vezes e abrigar mil fetos e gerar de novo mil Belas Adormecidas que esperarão por mil príncipes encantados e serão mil vezes infelizes. Ou felizes, caso resolvam perder o sono.
São tantos prédios, tantas portas e janelas, quantas coragem, quantas histórias escondidas dentro delas? Eu tenho o céu, não quero ir, insisto em sentir medo antes de partir. Eu tenho o céu e é quase em vão. Porque eu tenho o céu e tenho tanto medo então?
Hesitante, ofegante, eu sou quase um iniciante. Um bom nome de herói em trajes de um mendigo. Porque eu vou me importar em ter algum abrigo? O vento leva, a música embala, a dor se encerra, já fiz as malas. Já fiz as malas.
“Abraça uma nuvem que passa no ar. Beija, brinca e deixa passar.”
Talvez existir seja a desculpa perfeita para percebemos o quanto é bom causar sorrisos, o quando é bom estarmos vivos, o quanto é simples ver o mar e acreditar que há na imensidão a imensidão maior: o amanhã.
Eu aqui, ainda posso voar. Eu já me decidi, não vou mais esperar. Eu aqui, eu não vou mais fugir, breve, quase leve, eu só quero poder fluir. Mesmo descontente por ver esse céu tão cinza, sei que a linha do horizonte esconde outra cor mais linda. Gosto tanto do arco-íris, gosto de ver suas cores o calor do sol e as chuvas formam então sete amores.
A sinceridade, a intensidade, a saudade,o amor e a eternidade. Sim e não.
Quem sabe?


Vanessa Pondez

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